
julgamento DA TRAMA GOLPISTA é um momento histórico e o desfecho de uma longa jornada de testes para a democracia brasileira
O Supremo Tribunal Federal inicia nesta terça-feira, 2 de setembro, o julgamento da trama golpista de 2022, que culminou nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Para o Pacto pela Democracia, trata-se de um momento histórico para o país: o processo representa não apenas a responsabilização dos envolvidos, mas também a reafirmação da integridade das instituições brasileiras diante de ameaças autoritárias. Além disso,contribui para firmar jurisprudência em torno de tipos penais ainda pouco explorados no direito brasileiro. O Pacto pela Democracia também ressalta que a verdadeira pacificação da sociedade não pode se dar pelo esquecimento ou por projetos de anistia que buscam proteger uma minoria extremista, mas, sim, pela responsabilização daqueles que atentaram contra a ordem democrática.
ATUALIZAÇõES E AÇÕES DO PACTO SOBRE O JULGAMENTO DA TRAMA GOSPISTA
O STF IrÁ julgaR oito réus acusados de integrar o núcleo central de um plano golpista após as eleições de 2022.Eles respondem por articular ataques às urnas, pressionar as Forças Armadas e tentar impedir a posse de Lula. Conheça o que diz a denúncia da PGR e por quais crimes os réus serão julgados
JaIR BOLSONARO
Ex-presidente
Acusação: líder da organização criminosa, articulou reuniões no Alvorada, editou minuta golpista, pressionou militares. PGR diz que tinha ciência do plano “Punhal Verde Amarelo”.
Defesa: nega golpe e diz que não houve clima para qualquer ação inconstitucional.
ANDERSON TORRES
EX-MINISTRO da justiça
Acusação: replicou fake news sobre urnas, envolvido em bloqueios da PRF no 2º turno, tinha a minuta golpista em casa e se omitiu no 8 de janeiro.
Defesa: diz que minuta foi “fatalidade” e que não participou de plano golpista.AlexanDRE RAMAGEM
EX-ABIN
Acusação: usou a Abin para criar a “Abin Paralela”, produziu textos de ataques às urnas e deu suporte direto a Bolsonaro.
Defesa: nega ter usado a Abin ilegalmente e alega perseguição política.
Almir Garnier
EX-COMANDANTE DA MARINHA
Acusação: se colocou à disposição de Bolsonaro em reuniões de dezembro de 2022, oferecendo tropas.
Defesa: nega ter apoiado golpe ou disponibilizado militares.AUGUSTO HELENO
ex-ministro do GSI
Acusação: elaborou anotações de ataque às urnas, estimulou descumprimento de decisões judiciais via AGU e seria chefe de um “gabinete de crise”.
Defesa: afirma nunca ter defendido ações ilegais e que suas funções foram institucionais.PAULO SÉRGIO NOGUEIRA
ex-ministro DA DEFESA
Acusação: participou de reuniões sobre o decreto golpista, endossou discurso contra as urnas e apresentou minuta a comandantes militares.
Defesa: diz que buscava transparência eleitoral e fazia parte do grupo “moderado”.WALTER BRAGA NETTO
EX-MINISTRO DA DEFESA
Acusação: articulou e financiou plano golpista, pressionou militares e teria participado do plano “Punhal Verde Amarelo” para assassinar autoridades.
Defesa: nega entrega de dinheiro e diz que acusações são “fantasiosas”.MAURO CID
EX-AJUDANTE DE ORDENS
Acusação: atuava como porta-voz de Bolsonaro, guardava minutas golpistas e participou de conversas sobre o plano Punhal Verde Amarelo.
Defesa: confirma fatos em delação, mas diz não ter participado das decisões.CRIMES IMPUTADOS PELA PGR
TODOS RESPONDEM POR:
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos)
Golpe de Estado (4 a 12 anos)
Organização Criminosa (3 a 8 anos)
Dano qualificado contra patrimônio da União (6 meses a 3 anos)
Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos)
2021 em diante
Orquestração de Desinformação sobre o Sistema Eleitoral
A partir de 2019, intensificada em 2021
Instrumentalização da ABIN (ABIN Paralela) para Espionagem
Agosto de 2021
Pressão sobre o Poder Judiciário
10 de agosto de 2021
Desfile Militar com fim intimidatório
Segundo turno de 2022
Aparelhamento da PRF para Interferência Eleitoral
Após as eleições de 2022
Recusa em aceitar os resultados eleitorais e manutenção da mobilização
9 de novembro de 2022
Elaboração de planos de ações violentas e neutralização de autoridades
28 de novembro de 2022
Pressão sobre comandantes militares para aderir ao Golpe
Dezembro de 2022
Elaboração e apresentação da minuta do golpe aos Militares
Novembro e dezembro de 2022
Coordenação com lideranças de movimentos populares.
Final de 2022 e início de 2023
Planejamento da instabilidade e conivência com atos violentos
8 de Janeiro de 2023
Execução dos ataques aos Três Poderes da República
O Brasil inicia no dia 2 de setembro o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 2022. Um processo inédito na história do país.
É a primeira vez que temos militares de alta patente e um ex-presidente da República sendo julgados por tentativa de golpe de Estado ou por atacar e vilipendiar a nossa democracia, com todas as garantias de respeito aos seus direitos. Ao longo de décadas, diferente de outros países da América Latina, o Brasil manteve impunidade a militares e civis por tentativas de abolir o Estado Democrático de Direito, como o que aconteceu após o golpe de 1964.
A Lei de Anistia de 1979 protegeu torturadores e responsáveis por crimes da ditadura, por exemplo.
Conheça o que os nossos vizinhos latinos fizeram com violadores das suas democracias:
POR QUE ESTE JULGAMENTO É TÃO IMPORTANTE?
1Mostra que a lei vale para todos, independentemente de patente ou cargo.
2Fortalece as nossas instituições E
Cria um precedente histórico contra a impunidade
3É um passo essencial para a consolidação da democracia brasileira
"Este julgamento demonstra que a verdadeira pacificação da sociedade só é possível com responsabilização, e não com esquecimento ou falsos mantos de anistia que apenas protegem uma minoria extremista. Ele evidencia que a democracia brasileira tem capacidade de criar seus próprios anticorpos contra investidas autoritárias, garantindo que tais atos não sejam perdoados nem transformados em impunidade."
— Flávia Pellegrino
Pacto pela Democracia
"É a primeira vez que temos militares de alta patente e um ex-presidente da República, também militar, sendo julgados por golpe de Estado. Trata-se, portanto, de uma oportunidade histórica para rompermos com a tradição de impunidade que marca nossa história. A perspectiva desta punição inédita colocada agora pelo julgamento do STF representa uma esperança para que possamos, finalmente, quebrar esse ciclo vicioso em que golpismo e impunidade se retroalimentam."
— Lucas Pedretti
Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia
"O julgamento da tentativa de golpe representa o epílogo inevitável de uma longa jornada de testes para a democracia brasileira. A sociedade civil tem acompanhado de perto essa trajetória. Este julgamento constitui um marco histórico de responsabilização de todos os que ousaram atentar contra a democracia, independentemente do cargo ou da patente, ao mesmo tempo que mostra que a vigilância e articulação devem ser altivas e perenes."
— Arthur Mello
Pacto pela Democracia
"O julgamento da trama golpista é um feito histórico da democracia brasileira, pois explicita como medidas de responsabilização são essenciais para a defesa da cultura democrática ao redor do mundo. Os processos de responsabilização, inclusive os processos criminais, são cruciais para fixar sentidos concretos do que as regras jurídicas exigem ou permitem, e do que são os próprios valores políticos que norteiam a democracia. "
— Luciana Silva Reis
LAUT
"O julgamento de Bolsonaro e seus acólitos mostra a força da democracia brasileira. Respeitado o devido processo legal, coloca no banco dos réus aqueles que buscaram subvertê-la"
— Sergio Fausto
Fundação FHC
O Pacto pela Democracia é uma plataforma de ação conjunta da sociedade civil brasileira voltada à defesa e ao aprimoramento da vida política e democrática no país.
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